segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

dr. Osório César

O primeiro, no Brasil, a estudar relações entre a psicopatologia e a arte foi o médico, psiquiatra, músico e crítico de arte, Dr. Osório César. Analisando sistematicamente trabalhos de artes plásticas de pacientes internados no Hospital do Juqueri, em São Paulo, desde 1923, estrutura nos anos 40, a ‘’Escola Livre de Artes Plásticas’’, com base na expressão individual, ou seja, por meio da escolha livre de temas ou cópia natural, evitando, de sua parte, interferências, tanto de ordem técnica quanto de representações. Acreditava que, para existir um processo expressivo, fazia-se necessário também o domínio da forma e conhecimento de materiais, técnicas, e estes resultam de exercícios e de uma busca constante por parte do artista, sendo sua tarefa estimular e criar condições para estas atividades. A sua maneira de trabalhar contemplava aspectos psicológicos, isto é, a relação dos indivíduos “consigo mesmos” na criação artística.


Aliás, é interessante lembrar que Osório César, tendo sido casado com Tarsila do Amaral (uma expoente do Modernismo Brasileiro),despertou a sua consciência social, e foi no período em que estiveram juntos que ela pintou um dos cinco quadros mais importantes da sua produção, "Os Operários", hoje na coleção do Palácio de Inverno do Governo, em Campos do Jordão, São Paulo.



O conhecimento do trabalho destes pioneiros muito contribuirá para o entendimento da cultura dos fins dos anos 40, época em que a atuação dos cientistas-humanistas provocou impacto se rebelando contra a censura, não só política, mas cultural também. Aquele foi o período da primeira re-democratização brasileira, momento histórico marcado pelo interesse na humanização das instituições, desde a escola até o hospital. Nise da Silveira, Osório César e Ulysses Pernambucano foram agentes provocadores do processo de humanização da psiquiatria confinada.

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